Manchas de óleo continuarão a aparecer, diz diretora do Instituto de Geociências da UFBA

 
O litoral da Bahia voltou a ser cenário do reaperecimento das manchas de óleo que começaram a surgir em todo o Nordeste no ano de 2019. Quase dois anos depois, seis toneladas do material foram retiradas da praia de Itacimirim em junho. Análises da Marinha e da Universidade Federal da Bahia (UFBA) confirmaram que as novos resíduos fazem parte do combustível fóssil decorrente do maior vazamento desse tipo de material na costa brasileira ocorrido em 2019.
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Após esse período, o material tem se modificado, mas uma técnica de comparação utilizando biomarcadores foi suficiente para concluir que o material encontrado em Itacimirim é o mesmo de 2019. A diretora do Instituto de Geociências da UFBA, Olívia Oliveira explicou o processo ao programa Isso é Bahia, da rádio A TARDE FM.
"Essas amostras foram coletadas em 29 de junho pelo diretor de instituto de Biologia da UFBA. Iniciamos essa avaliação no dia 5 e tivemos dificuldade na primeira avaliação comparativa em função das mudanças do óleo com aumento dos compostos mais pesados já que ele está há mais de dois anos no mar. Utilizamos outra técnica que foi a análise de biomarcadores saturados e confirmamos [que se trata do mesmo material de 2019]. Essa amostra atual se assemelha a uma massa residual asfáltica, bioquimicamente bem alterada, mas graças aos biomarcadores nós pudemos identificar que são correlacionados", disse Olívia.
Desde 29 de junho cerca de 6 toneladas de óleo foi coletada na praia de Itacimirim distrito de Camaçari região metropolitana de Salvador a cerca de 67 Km da capital baiana. O material foi revelado após a frente fria provocada pela passagem de um ciclone subtropical pelo litoral brasileiro.
De acordo com a diretora do Instituto de Geociências da UFBA muito possivelmente ainda há parte do material depositado no litoral nordestino e com a mudança de estação, eles podem ressurgir.
"Imagine que ao longo de todo o nosso litoral, toda essa linha costeira possui algumas modificações, então é de se esperar que diante daquela quantidade enorme de óleo que veio em 2019, ele se deposite em algumas regiões. Quando nós mudamos de estação, com a diferenciação de correntes oceanográficas, esse material vem à tona. Não tenhamos dúvida de que ainda temos esse material depositado em algumas regiões e é impossível fazer uma radiografia de onde ele esteja", explicou.
A Capitania dos Portos da Bahia (CPBA) informou que foi realizada uma reunião na última terça-feira, 6, com representantes da Prefeitura de Camaçari, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para definir estratégias da remoção de resíduos que venham a aparecer futuramente.
Por isso, o monitoramento é o caminho ideal para a extinção do combustível fóssil da costa baiana. "A maior parte já foi evaporado, esses compostos mais leves que são mais tóxicos já foram evaporados. Nos recifes de corais ele se mantêm com uma relação danosa. Tem o impacto físico e o impacto químico e os dois não são excludentes. O físico é o que está acontecendo agora e o químico é o que já aconteceu. Há uma biomagnificação que é o principal problema. Materiais mais tóxicos podem já ter sido inseridos na cadeia. Por isso, precisamos fazer um monitoramento constante", finaliza a diretoria.

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