Os deputados federais baianos, Cláudio Cajado (PP) e Charles Fernandes (PSD), negaram que tenham negociado apoio em troca de verbas que seriam originárias de um "orçamento secreto" do governo federal, ou que tenham responsabilidade sobre eventual compra superfaturada realizada com esse dinheiro.
O esquema foi revelado pelo Estadão no último fim de semana. Segundo o veículo, o presidente Jair Bolsonaro criou um orçamento paralelo de R$ 3 bilhões em emendas parlamentares, sendo a maior parte delas destinadas a compras de equipamentos agrícolas, como tratores.
Tanto Cajado quanto Fernandes alegam que os valores foram repassados por eles à Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), ou direcionado aos ministérios, como normalmente é feito com as emendas.
"Eu já apoio o governo Bolsonaro, sou vice-líder do governo, tenho autonomia sobre minhas emendas. Além da indiivudal, tem a cota da bancada, como deputado baiano. Mas não existe orçamento paralelo, o orçamento era público, tudo que era direcionado era pela dotação orçamentária", disse Cajado em entrevista ao grupo A TARDE.
Segundo o pepista, caso tenha conseguido mais recursos do que outros parlamentares, o fato se deve somente ao seu empenho individual.
"Eu corro atrás, não deixei uma semana sequer de ir para Brasília, inclusive estou no aeroporto agora. Quantos deputados baianos estão indo para Brasília?", questionou o deputado, em conversa por telefone.
Charles Fernandes segue a mesma linha e diz que não é responsável pelas licitações ou processo de aquisição dos maquinários. Segundo a matéria do Estadão, ele teria indicado uma associação beneficente para destinar uma retroescavadeira, que teria sido comprada por R$ 300 mil. O valor seria R$ 50 mil mias caro do que o preço de referência.
"Eu boto dinheiro na Codevasf, faço o direcionamento de emendas. Entreguei 28 tratores pela Codevasf, a gente está beneficiando o homem da agricultura familiar", declarou Fernandes. Segundo o parlamentar, o veículo está "com ciúmes do Nordeste".
"São muito bairristas", critica.
O deputado "de primeiro mandato" garante que nunca recebeu nenhuma emenda em troca de apoio ao governo Bolsonaro e que vota com a sua "consciência". Ele diz que nunca nem foi ao Palácio do Planalto para tratar de negociatas com o presidente, somente para reuniões com ministros em situações pontuais.
"Eu sou do PSD e voto com minha consciência. Nunca foi no Planalto, nunca fiz nenhuma reunião a não ser com o ministro Fábio Farias [Comunicação] e Mandetta [ex-ministro da Saúde]. Eu moro em Guanambi e vou de carro todo dia para Brasília e volto, tenho nem avião para ir, são 9h30 de viagem. Quando sulista ganha alguma que coloca para sua região, os sulistas não estão filmando", aponta o deputado, que é ex-prefeito do município de Guanambi.
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