Baianas celebram 115 anos da Lavagem de Itapuã pedindo paz e justiça

O branco e a famosa água de cheiro invadiram a orla de Salvador nessa quinta-feira (13), em celebração aos 115 anos da tradicional Lavagem de Itapuã. Os festejos começaram ainda de madrugada. Por volta das 10h30, acompanhadas pelo afoxé dos Filhos de Gandhy, as baianas e o público presente seguiram das proximidades da praia de Piatã até a Paróquia Nossa Senhora da Conceição para realizar a lavagem das escadarias. Moradora de Itapuã há 30 anos e frequentadora da festa há 26, Jacilene Monteiro de Santos participou de mais uma edição do evento agradecendo à orixá Oxum, que, no sincretismo religioso, representa Nossa Senhora da Conceição. “Agradecer por me dar mais um ano de oportunidade, saúde, paz e vida para estar aqui. Para mim é muito gratificante. Me sinto uma das pessoas mais felizes fazendo esse ritual”, afirmou. A linda festa serviu também como um momento para pedir paz e justiça. As Baianas de Itinga não deixaram de destacar a ausência que fez Jussara de Oliveira, a baiana de acarajé que foi vítima de feminicídio em 2017, aos 36 anos. Ela e os filhos Felipe de Oliveira, de 20 anos, e Ângela de Oliveira, de 14, foram brutalmente assassinados. A família acusa o ex-marido, conhecido como Alexandre. “Ela era minha irmã. Meu sobrinho era cadeirante, estava completando 20 anos naquele dia, foi o dia em que os perdemos. Até hoje não temos resposta da Justiça, estamos à deriva, sem justiça”, disse Josilda Souza, de 39 anos. Coordenadora do grupo, Tereza Alves de Souza fez um protesto. “Estamos pedindo justiça por essas mulheres que estão morrendo à toa, do nada. Só porque elas não querem um relacionamento, eles estão matando. Que as pessoas da Justiça pensem mais no que estão fazendo. Prende hoje, solta amanhã. Até hoje temos esse homem que matou Jussara solto. São três anos e nenhuma resposta da Justiça”, lamentou.
A famosa 'Baleia Rosa' foi mais uma vez uma jubarte
Além do desfile de diversas agremiações, bloquinhos e sambas de roda pela Avenida Octávio Mangabeira, a festa foi marcada pela famosa 'Baleia Rosa', que este ano foi novamente a representação de uma baleia jubarte, acompanhada de um polvo laranja.
E a Lavagem de Itapuã só acaba quando termina: na segunda-feira (17). Ainda nessa sexta-feira (14) artistas e grupos musicais locais se apresentam pelas ruas. O sábado (15) será marcado por atrações náuticas esportivas e pelo Terno de Reis, manifestação cultural histórica marcada para iniciar às 18h.
O encerramento será na segunda, quando os devotos entregam uma oferenda a Iemanjá, Rainha do Mar, às 15h. Por volta das 18h do mesmo dia, uma peixada nativa é entregue na sede da Associação dos Moradores do bairro. Por: Rayllanna Lima

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